Wednesday, February 24, 2010


Em Abril de 2009, uma saudável rivalidade entre leões e lampiões passou do escritório para dentro de um campo.   Golos houve muitos, o resultado não importa.   O que aqui se relata é o desempenho de cada um e o amor que cada um teve pela sua camisola.


Derby MEU-PT de 21-04-2009


 Crónica dos craques da Mitsu


Paulo Florêncio
O dia começara mal para o guardião sportinguista. Aquela má disposição matinal – obrigando-o a uma ida ao hospital - deixara os colegas de equipa a fazer contas à vida.
Mas retemperado - e sublinhe-se, impecavelmente equipado! – viria à noite a mostrar em campo de que massa é feito um leão. Destemido, Florêncio juntou a um punhado de boas defesas outras belas incursões quando se mostrou lá na frente.
Numa frase : Depois deste jogo nunca mais o Prior Velho irá esquecer o seu nome.

Miguel Margarido
Uma vez dentro das quatro linhas, quem percebe da engenharia do futebol é como dirigir um departamento. Por isso Margarido jogou e fez jogar - sinal evidente de que era uma das pedras importantes no xadrez verde-e-branco.
Dizem que em campo há jogadores que não é preciso se dar muito por eles para os companheiros saberem que quando é necessário, é daqueles que está lá.
Margarido mostrou que o futebol não se joga de régua e esquadro, mas antes com empenho e dedicação.

João Oliveira
A maneira como trata a bola não engana: foi jogador em tempos áureos, sinal claro de que aos 12, 13 anos… era um dos craques lá da rua..!
Entretanto, o afastamento prematuro dos relvados, faz tempo que lhe tirou a mobilidade e a resistência de outrora. E quando assim é… dizem que é então que se destaca a vontade.
Porque foi essa - a vontade de marcar presença e de ajudar os companheiros – aquilo que ficou registado, o que melhor espelha a exibição de João Oliveira.


Nuno Ribeiro
A Figura, pois claro. Foi a pedra de toque que sustentou o melhor Sporting. O principal dinamizador do ataque dos leões. Desequilibrador, velocidade arrepiante e técnica apuradíssima fizeram toda a diferença. Placa giratória do futebol leonino, ocupou os espaços com elegância. 
Mais do que isso: um batalhador incansável, com acerto em diferentes zonas do campo. Foi o primeiro a obrigar o guarda-redes encarnado a esticar-se e ainda encontrou espaço para brilhar com toques de classe.
Aplausos, se faz favor. Quem o tem, está sempre perto de ganhar.
(comentário escrito por José Carlos)

Tiago Fialho
Com uma frescura física de assinalar, deambulou um pouco por todo o terreno. Tal como um leão que na selva circula por onde quer, Fialho fez o mesmo, porque em campo é daqueles que joga num sítio qualquer.
Como jogador é fácil reparar que o sportinguismo lhe corre no sangue desde pequenino. E provou uma coisa que muito agrada a quem gosta de futebol : que mais importante do que ser sobredotado tecnicamente, é suar e honrar a camisola.
O belo golo apontado já ao cair do pano foi o prémio pela entrega durante o jogo, foi a cereja pela boa exibição.



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José Carlos
Após um longo afastamento dos ringues nacionais, regressou em grande estilo aos relvados. Desta vez com luvas – ágil entre os postes para uma sólida exibição.
O balanceamento ofensivo da equipa encarnada só pôde ser aquele, porque os jogadores sabiam que lá atrás, a casa estava bem guardada. Destaque para um punhado de intervenções de grande nível, com JC por várias vezes a negar o golo ao adversário.
Dizem as crónicas que em tempos era daqueles que fazia a diferença a jogar lá na frente… Pode ser que para a próxima tire as luvas.., que recorde e experimente..!
Porque graves lesões também os grandes jogadores mundiais passam por elas.  E quando regressam, não deixam de ser grandes.

Miguel Reis
Se a bola em vez daquela fosse maior, se em vez de balizas fossem cestos, os pés não entravam e só valia com a mão.., seria sem dúvida o melhor (o MVP) daquele jogo..!
Sólida exibição na defesa. Porque tão importante como saber o que fazer com uma bola nos pés, é saber onde se situar quando são os outros a estar com ela.
No seio da equipa foi um jogador solidário e sempre pronto, destacando-se o sentido posicional quando era preciso sair em defesa dela.
Foi evidente que o assinalável desempenho do conjunto encarnado não teria sido aquele, se Miguel Reis não estivesse lá atrás.

Luís Coelho
Outra agradável surpresa no olímpico do Prior Velho. Como futebolista, viu-se que sabe bem o que fazer com a bola, como quem já a conhece há algum tempo..!
Bom tacticamente, mostrou que para ser jogador foi preciso ir jogando ao longo da vida.
No mundo, por exemplo, há pessoas que nascem para o surf, e há outras, suponhamos, que nascem para conduzir em pequenos espaços e “dominar” um armazém.
Só depois.. é que vêm aquelas pessoas que fazem as duas bem ao mesmo tempo, e ainda por cima, até sabem jogar futebol.

Edgar Duarte
Desde o apito inicial do árbitro que um pormenor desde logo ficou registado : o tratar a bola por tu. (alguns naquele relvado só a tratavam por você..!)
Apesar de ser de entre os elementos encarnados, o último que se juntou ao grupo, a maneira como conduziu a equipa foi a de quem já joga e já o faz há muito tempo...
Um dos melhores em campo - da equipa que viajou da Luz foi o que mais se destacou - mostrou duas características que são precisas num jogador : ser esclarecido e jogar de cabeça levantada.

Alexandre Acuña
Se tivesse continuado a crescer e depois a viver no país onde nasceu, é provável que a selecção de Hugo Chavez tivesse hoje em dia um avançado com alguma categoria..!
Digamos que poderia ser un delantero para dar que falar na Copa América..!
Com a bola nos pés faz lembrar o presidente da Venezuela: é daqueles que quer a coisa só para ele..! Mas sim, olhava-se à volta e tinhamos que reconhecer : ali há jogador.
Boa técnica com os dois pés, Acuña foi a referência no ataque e nos golos encarnados.

Joaquim Ferreira
Movimenta-se em campo como se estivesse numa oficina. Quem o viu no terreno, cedo reparou que da mesma forma que o interior de uma evaporadora não o incomoda, dentro das quatro linhas também se move como quer.
Jogador operário, trabalhou quando foi preciso ajudar atrás, e correu lá na frente quando a ideia era atacar.
 

Joaquim ajudou-nos a perceber porque é que os treinadores dizem que em todas as equipas deve haver jogadores assim.

Paulo Nunes
Dias antes de ter chegado da Invicta, já era tema de conversa nos bares do Prior Velho, queriam saber por que equipa iria actuar. O coração dele só tem uma cor (azul-e-branco..), por isso, de que lado haveria então de jogar?
(apesar de ser tripeiro, diziam-me que era craque….)
Duas partidas - numa e depois noutra equipa – o principal destaque vai para aquilo que mostrou em ambas : rendimento de alto nível. Por outras palavras : foi a prova de porque é que há uns que jogam futebol, e depois há outros que só jogam à bola…
Se o F.C.Porto tem o Lucho Gonzalez, a Mitsubishi Electric tem um jogador chamado Paulo Nunes.





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Nota: Uma palavra de apreço às claques organizadas que compareceram ao jogo, que mesmo sem fotografias no decorrer da partida... deram outro colorido ao estádio..!
Lado a lado na mesma bancada, souberam dar o apoio que as equipas precisavam.
A Juventude Leonina – liderada por Cláudia Costa, e os NoName Boys – comandados por Rui Bandeira, deram uma lição de fair-play que ficará registada na história.


Nuno Matos Ribeiro
28.04.2009

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